quinta-feira, 26 de maio de 2022

ESTRELAS

 


ESTRELAS

 

Para Odilon.

 

Ele já não as ouve, agora.

Pois, junto a elas, mora.

E só quem tem alma grande e pura,

Consegue ser imortal num céu de doce candura!

 

Ele ouvia estrelas, aqui na terra...

Agora , o teatro se encerra!

Vive no profundo silêncio da galáxia,

Mas, não é ator dentro da coxia!

 

Ora, direis ...viver entre estrelas?

Sim! Remando sua própria caravela...

E eu vos direis que só ele pode entendê-las!

 

Aqui enxugo meu amargo pranto,

E em cada estrela bela,

Ouço sua voz num suave canto!

 

Luzia Machado Mendonça.

Goiânia, 04 de abril de 2019.

quinta-feira, 10 de junho de 2021


 Se essa mangueira falasse...


Se essa mangueira falasse, ela contaria muitas Histórias que testemunhou de uma família grande, unida e feliz.

Talvez que os 15 filhos, 79 netos, e incontáveis bisnetos foram muito felizes naquela fazenda, apesar de tudo.

Que nosso avô Nonda tentou vender a fazenda por muitos e muitos anos, mas quando aparecia um comprador ele desistia.

Que a vó Josefa fazia biscoitos de nata como ninguém, mas o que ela gostava mesmo era de fazer crochê.

Que a Tia Iracema foi muito mais que tia, pois só ela agüentava tantos sobrinhos brincando de índio, andando a cavalo e fazendo piquenique no córrego, sem nunca reclamar.

Que os Bira eram os mais “gatos”, mas nunca tiveram gatos, e se tivessem teria que ser cinco: um para cada.

Que cinco eram os filhos da Tia Santa, mas de santos, nada tinham.

Que na Tia Andreza eram quatro, assim como lá em casa, e todos eram Machado Ribeiro, apesar dos Ribeiro nada terem em comum.

Que na Tia Iolanda todos eram precoces, e se viravam, pois, moravam no centro de Goiânia.

Que no Tio Emílio, também eram quatro filhos, mas como médico da família, ele cuidou de todos os sobrinhos como se seus filhos fossem.

Que na Tia Eleuza era sempre uma festa, e sempre tinha muito de tudo: filhos, amigos, primos, comida, bebida, alegria.

Que na Tia Maria todos eram muito sérios, compenetrados, responsáveis e estudiosos.

E na Tia Wanda o que não faltava era música, arte e fotos.

Já na Tia Luzia tinha tanto música como poesia.

Que os outros filhos mais velhos tiveram tantos descendentes que já perdemos a conta de tantas histórias vividas debaixo daquela mangueira.

Que a Tia Nazareth, a neta mais velha, é, na verdade, nossa prima, mas a respeitamos como se Tia fosse.

Que muitas histórias ainda podem ser contadas, embora outras nunca serão, por que entre as lembranças e as crônicas, muitas memórias foram apagadas e jamais serão registradas.


Mas, se essa mangueira falasse, poderíamos registrar muitas histórias verdadeiras de uma família grande, unida e feliz: a família Machado.

Sylvana Machado Ribeiro.